Doenças císticas provocadas por cestódeos

em quinta-feira, 2 de setembro de 2021

                    Se você acessou alguma literatura parasitológica e visitou capítulos referentes a classe Cestoda provavelmente se deparou com uma densa introdução as formas larvais desses vermes. Não é difícil se confundir quando o assunto são os metacestóides. (Larvas de vermes cestoideos encontradas em hospedeiros intermediários) e sabendo disso, o título desse acesso pode ser abreviado a: Doenças provocadas por metacestódeos.


Figura 1. Estrutura representativa de uma tênia, com base na Taenia solium

  

Figura 2. Estágios larvários de cestódeos ciclofilidianos.



                    Os parasitos denominados cestódeos são aqueles vermes segmentados que pertencem ao filo dos Platelmintos. Eles parasitam o trato intestinal de uma grande diversidade de vertebrados fazendo com que algumas famílias sejam de grande interesse veterinário, pois podem provocar doenças degenerativas e prejuízos à produção animal. Uma boa parte desses prejuízos se dá, pela  condenação de vísceras nos abatedouros-frigoríficos, provocadas pelas larvas desses parasitos que podem ser consideradas até mais patogênicas do que o próprio verme adulto. O parasitismo pelas formas adultas  se apresenta, muitas das vezes, de forma assintomática no hospedeiro definitivo, já que seus hábitos alimentares ocorrem de forma pouco invasiva, através da  absorção dos nutrientes presentes no meio pelo seu tegumento.

Figura 3. Cistos hidáticos no fígado de um cavalo 


                    Quando o ovo é ingerido através de um hospedeiro intermediário, as secreções gástricas e intestinais digerem o embrióforo e ativam a oncosfera. Utilizando seus ganchos, a tênia rompe a mucosa e alcança a corrente sanguínea ou linfática ou, no caso de invertebrados, a cavidade corporal. Uma vez em seu local predileto, a oncosfera perde seus ganchos e se desenvolve, dependendo da espécie, em um dos seguintes estágios larvários, frequentemente denominados metacestódeos, são eles os cisticercos, estrobilocercos, cenuros, hidátides, cisticercóides, etc.

Figura 4. Ciclo evolutivo de Taenia solium e T. saginata.



Figura 5. Cisticercose viva cardíaca em bovino.

Cisticercose: O cisticerco é uma vesícula pequena, semi translúcida, típico estágio de L2 (segundo estágio larval) de espécies da família Taeniidae que tem, no interior, um único protoescólex, (estrutura germinativa que dará origem ao escólice do cestódeo) podendo ou não apresentar rostelo e acúleos. A larva migra pelo tecido hepático podendo provocar hepatites traumáticas (T. hydatigena em bovinos, ovinos e suínos) e se encista em tecidos diversos como musculatura estriada e coração (T. saginata em bovinos), fígado, cavidade peritoneal. Em seres humanos os cisticercos de T. solium representam um risco significante à saúde humana podendo se instalar em órgãos como olhos, cérebro e medula espinhal.



Figura 6. Um coenurus de Taenia serialis da região
 axilar subcutânea de uma chinchila
Cenurose: O cenuro é um cisto grande semelhante a cisticerco, mas com vários escólices invaginados aderidos à parede do cisto. T. multiceps é um tenídeo canino com estágio larval em forma de cenuro que invade a cavidade craniana de ovinos, caprinos e, às vezes, dos bovinos. Conforme o cisto cresce, sinais neurológicos decorrentes da progressiva ocupação de espaço desenvolvem-se lentamente. Pode haver cegueira, incoordenação, andar em círculos, ato de pressionar a cabeça contra as paredes, bater em árvores e outros similares. Por fim, o animal fica prostrado e morre.





.Figura 7. Cisto hidático de Equinococcus granulosus 
Hidatidose: A hidátide é um cisto grande e complexo, preenchido por líquido, revestido internamente por epitélio germinativo a partir do qual são originados escólices invaginados, livres ou em feixes sendo que no interior do cisto ainda podem-se desenvolver vesículas filhas interna e externamente, tipicamente é provocada pelo encistamento da larva de tenídeos do gênero Echinococcus cujos hospedeiros definitivos são canídeos raposas e felinos. os efeitos patogênicos dos cistos hidáticos incluem pressão atrófica nos órgãos circundantes e reações alérgicas ao fluido hidático que vaza. A ruptura de um cisto hidático fértil pode espalhar pedaços de membrana germinativa, escólices e cápsulas germinativas pela cavidade pleural ou peritoneal, resultando em hidatidose múltipla em órgãos como fígado e pulmão e podendo ainda ser infiltrativo.



Hidatidose unilocular: Provocada pela larva de E. granulosus, pode acometer animais de produção como ovinos e bovinos. Uma hidátide fértil infectando um homem pode crescer muito e interferir na função de órgãos vizinhos pela pressão que exerce contra eles. A Hidatidose humana pode ser adquirida pela ingestão de ovos de espécies de Echinococcus por meio da contaminação do ambiente por fezes de um canídeo parasitado pela forma adulta do verme. 

● Hidatidose alveolar: A hidatidose alveolar se prova invariavelmente fatal em poucos anos, é caracterizada por brotamentos exógenos que proliferam continuamente e se infiltram cercando o tecido. O cisto hidático alveolar, produzido pela espécie E. multilocularis, desenvolve-se no fígado de camundongos silvestres e em humanos produzem uma alteração semelhante a uma neoplasia maligna pelo seu caráter infiltrativo. 

 

Figura 8. Representação de um Equinococcus granulosus adulto.

Referências bibliográficas: 

BOWMAN, Dwight D. Georgis Parasitologia veterinária. 9. ed. Rio de. Janeiro: Saunders Elsevier, 2010. 

L., TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. Parasitologia Veterinária, 4ª edição. Grupo GEN, 2017. 

Gonzalez, MONTEIRO, S. Parasitologia na Medicina Veterinária, 2ª edição. Grupo GEN, 2017.


Figuras:

1. Imagem da web disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/multimedia/figure/inf-tapeworm-cestodes_pt

2. Imagem do livro texto: L., TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. Parasitologia Veterinária, 4ª edição. Grupo GEN, 2017.

3. Imagem do livro texto: BOWMAN, Dwight D. Georgis Parasitologia veterinária. 9. ed. Rio de. Janeiro: Saunders Elsevier, 2010. 

4. Imagem do livro texto: Gonzalez, MONTEIRO, S. Parasitologia na Medicina Veterinária, 2ª edição. Grupo GEN, 2017.

5. Imagem do livro texto: Gonzalez, MONTEIRO, S. Parasitologia na Medicina Veterinária, 2ª edição. Grupo GEN, 2017.

6. Imagem do livro texto: BOWMAN, Dwight D. Georgis Parasitologia veterinária. 9. ed. Rio de. Janeiro: Saunders Elsevier, 2010. 

7. Imagem do livro texto: BOWMAN, Dwight D. Georgis Parasitologia veterinária. 9. ed. Rio de. Janeiro: Saunders Elsevier, 2010. 

8. Imagem da web disponível em: https://www.preparaenem.com/biologia/hidatidose.htm


4 comentários:

  1. Muito didática e caprichada apresentação!!! Parabéns!!!

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  2. Postagem muita boa sobre a classe dos Cestódeos, muito interessante e linguagem de fácil entendimento. Daria algumas sugestões como uma mudança na fonte da letra e alguns nomes científicos não estão em itálico, fora isso, o blog está de parabéns!!

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    1. Muito interessantes os seus apontamentos Thiago, irei acatar, obrigado!

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