É comum fazer uma grande confusão com os nomes desses indivíduos da classe nematoda - os nossos estimados vermes cilíndricos. Quanto mais perto se chega, mais se nota a sua diversidade, mas afinal de contas, por que tantos nomes tão semelhantes? Eles são ou não são a mesma coisa? Bem, por um lado pode se considerar que sim, dependendo do degrau da escada taxonômica no qual você está pisando. Os próprios autores da literatura parasitológica admitem tal complexidade e as dificuldades que essa nomenclatura pode trazer:
“Certas categorias têm sufixos característicos que ajudam a identificá-los. Por exemplo, o gênero Strongylus pertence à seguinte hierarquia de táxons superiores: subfamília Strongylinae, família Strongylidae, superfamília Strongyloidea, ordem Strongylida. Neste texto, os sufixos -inae, -idae, -oidea e -ida são aplicados a todos os nomes de subfamília, família, superfamília e ordem. Os principais objetivos da nomenclatura zoológica são promover a estabilidade e universalidade dos nomes zoológicos e garantir que cada nome seja único e distinto. Nem todo taxonomista se esforça para mudar os nomes para confundir os outros, como os alunos tendem a suspeitar.” (Bowman, 2013).
A Ordem Strongylida
A ordem é o nível taxonômico que agrupa famílias que compartilham entre si uma grande semelhança biológica, essa ordem é composta por quatro famílias principais e dentre essas está a superfamília Strongyloidea.
Nessa ordem podem ser citadas características prevalentes quanto
aos ovos - de casca fina e morulados, isto é, com uma massa embrionária de células em seu interior;
a morfologia do verme adulto - cápsula bucal bem desenvolvida com coroas lamelares, presença de bolsa copuladora e espículos nos machos, e extremidade caudal afilada no corpo das fêmeas.
Trichostrongyloidea; Ancylostomatoidea, Metastrongyloidea, são as demais superfamílias que compõem a ordem Strongylida.
A superfamília Strongyloidea
Muito diversificado, esse táxon sumariza características comuns a uma gama maior ainda de vermes no sentido de os dar uma atribuição comum com base em algumas de suas características morfológicas e padrão no seu ciclo de infecção, tal diversidade inclui vermes conhecidos por parasitar não só o intestino de cavalos mas de outros mamíferos, como suínos e ruminantes, onde provocam lesões nodulares e podem estar presentes também o trato respiratório de aves.
Essa classificação, porém, não inclui os trichostrongylus - apesar de essa ser uma superfamília que acomete o trato digestivo de ruminantes cuja está dentro da ordem Strongylida.
Strongylidae (Família)
Composta por espécies que infectam o intestino grosso de cavalos, vermes nodulares de suínos, ruminantes e primatas, a família strongylidae soma características morfológicas de um grupo maior de vermes, possuindo vermes menores conhecidos como pequenos estrôngilos (Cyathostominae). Todos os gêneros de importância veterinária que habitam o intestino podem ser divididos em dois grupos, estrôngilos e ancilóstomos.
Strongylus (gênero)
Se tratando do gênero, esse engloba outras espécies de estrongilos que, apesar de muito semelhantes, apresentam sutis diferenças morfológicas como tamanho e formato dos dentes e também diferenças no seu padrão migração pelo hospedeiro, o Strongylus edentatus por exemplo tem uma predileção pelo fígado, para onde migra no seu estágio larval e causa degeneração.
Strongylus vulgaris (espécie)
Essa é uma espécie de vermes que tem grande relevância à medicina veterinária pois ocasiona o adoecimento em cavalos, provocando a perda da sua condição física, anemia, cólicas, debilidade dos movimentos do intestino e até mesmo a morte em alguns casos.
São vermes pequenos cujos ovos se desenvolvem no solo até o estágio de larva em condições ambientais favoráveis de temperatura e umidade, o hospedeiro definitivo se alimenta da pastagem contaminada com a larva madura, no seu estágio infectante, conhecido como L3 (terceiro estágio larval),e, uma vez no intestino grosso do animal essas larvas penetram sua mucosa, atingem a circulação e migram para a artéria mesentérica cranial, local de predileção desses parasitos para o desenvolvimento larval, onde vão causar lesões inflamatórias e tromboembolias, o que resulta em cólicas e isquemia na região a ser irrigada pelos ramos dessa artéria.
Mas não acaba por aí. As larvas, depois de se desenvolverem na artéria intestinal, migram de volta para o intestino grosso e formam nódulos na sua parede e esses nódulos permanecem até o desenvolvimento adulto dos vermes, quando finalmente é rompido, liberando a carga parasitária de vermes adultos (jovens adultos) na luz do órgão onde então vão se diferenciar sexualmente, se reproduzir, liberar os ovos e vão também se alimentar, o órgão bucal bem desenvolvido dessa família os habilita a se alimentarem da mucosa do hospedeiro. Os ovos são eliminados nas fezes e voltam a contaminar o ambiente perpetuando esse ciclo.
Tricostrongilídeos (Superfamília Trichostrongyloidea)
Os tricostrongilídeos causam patologia grave, com mortalidade considerável e alta morbidade, principalmente em ruminantes. Bezerros são mais suscetíveis, ao passo que animais adultos adquirem imunidade considerável. Também são vermes redondos da ordem Strongylida, são pequenos, quase invisíveis a olho nú, de coloração vermelho-acastanhada clara. Quando a infecção é elevada, podem alterar o pH do abomaso e/ou do intestino delgado e, como consequência, haverá aumento do crescimento bacteriano, promovendo diarreia, que pode ser negra e fétida em casos mais graves.
Figura 4. Vermes Trichostrongylus adultos |
Istrongiloides (Família Strongyloididae)
Vermes que parasitam o intestino delgado de várias espécies inclusive a humana porém que pertencem a outra ordem que não é a Strongylida - a ordem Rhabditida. É interessante mencionar que esse parasito pode fazer um ciclo homogônico onde uma vez que os ovos são liberados no ambiente as larvas desenvolvem até o estado de L3 e penetram a pele dos animais. As formas adultas que estão no intestino promovem a erosão das vilosidades intestinais, provocando infecção e levando à enterite catarral, que apresenta muito muco.
Figura 5 |
Referências Bibliográficas:
BOWMAN, Dwight D. Georgis Parasitologia veterinária. 9. ed. Rio de. Janeiro: Saunders Elsevier, 2010.
L., TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. Parasitologia Veterinária, 4ª edição. Grupo GEN, 2017.
Gonzalez, MONTEIRO, S. Parasitologia na Medicina Veterinária, 2ª edição. Grupo GEN, 2017.
Figuras:
Figura 1: Imagem produzida pelo autor
Figura 2: Imagem retirada da web disponível no endereço: https://www.vetlexicon.com/treat/equis/illustration/strongylus-vulgaris-larvae
Figura 3: Imagem retirada do livro texto A., T. M., L., C. R., & L., W. R. (2017). Parasitologia Veterinária, 4ª edição.
Figura 4: Imagem retirada do livro texto A., T. M., L., C. R., & L., W. R. (2017). Parasitologia Veterinária, 4ª edição.
Figura 5: Imagem produzida pelo autor
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