Babesiose Canina

em quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Uma das preocupações quanto ao deixar o seu cão solto em campos, bosques, parques ou até mesmo na rua é sobre a possibilidade dele ser mordido a parasitado por um carrapato - muitas vezes esses parasitos passam de forma despercebida pelo tutor do animal, quando esse não checa o seu pelo com frequência. O carrapato é um aracnídeo que se alimenta de sangue e está presente na natureza, mas pior que isso ainda serve de vetor para um outro parasito ainda mais perigoso à saúde dos cães: conheça a babeisose canina.

Os protozoários do gênero Babesia, ou hematozoários, são transmitidos para o cão - seu hospedeiro definitivo, através do processo de repasto sanguíneo feito uma vez que ele é mordido por carrapatos do gênero Rhipicephalus. Uma vez inoculado na corrente sanguínea esse protozoário pode se reproduzir ilimitadamente de forma assexuada dentro das células sanguíneas até que essas sejam rompidas.  A hemólise provocada pela multiplicação parasitária configura o eixo central da patogenia da doença ocasionando anemia, congestão hepática, sobrecarga do fígado e consequente icterícia. Esse quadro leva o animal a uma hepato-esplenomegalia: uma hipertrofia do fígado e do baço para compensar  a incapacidade dos órgãos por vzes sobrecarregados.

O cão infectado pode apresentar na forma aguda da doença: anorexia, febre, hemoglobinúria, anemia branda e grave icterícia, a evolução da doença pode levar a morte ou uma lenta recuperação que tende  a levar cerca de um mês ou mais. O diagnóstico dessa doença é feito através da análise dos sinais clínicos e do histórico do animal. Caso esse animal viva em um sítio ou tenha o hábito de escapar para a rua, por exemplo, possivelmente terá contato com os vetores da babesiose. Para confirmação deve ser solicitada a coleta sanguínea e uma análise de esfregaço sanguíneo, na análise microscópica do esfregaço é possível observar os parasitos dentro das células sanguíneas. Através de métodos moleculares como ELISA e imunofluorescência indireta a babesiose pode ser diagnosticada em casos subclínicos ou crônicos, onde há uma baixa parasitemia.

Uma vez que o animal infectado volta a ser espoliado por carrapatos é perpetuado o ciclo reprodutivo das babésias - os carrapatos voltam a ingerir a forma imatura do protozoário - os gamontes - que no intestino do carrapato se diferenciam e se reproduzem sezuadamente gerando um zigoto que possui motilidade, o oocineto, capaz de se reproduzir binariamente gerando os esporocinetos, esses últimos podem migrar para as glândulas salivares do carrapato e transmitir a forma infectante da babesia: os esporozoítos. 

A forma mais eficaz de se prevenir a babesiose é através da prevenção da exposição do animal a uma alta carga parasitária - verificando-se frequentemente seus pelos para conferir se não há presença de carrapatos assim como monitoramento ativo do ambiente que o animal vive, a manutenção da saúde do animal com boa alimentação e higiene também proporciona uma modulação positiva da sua imunidade. As drogas mais utilizadas no tratamento das babesioses são o dipropionato de imidocarb e os derivados das diamidinas com doses ajustadas para o peso e quadro clínico. O dipropionato de imidocarb causa a eliminação completa do agente do organismo animal.



Referências bibliográficas:

DIAS V, FERREIRA F Babesiose canina: Revisão. Publicações em Medicina Veterinária  

e Zootecnia v.10, n.12, p.886-888, Dez., 2016

Gonzalez, MONTEIRO, S. Parasitologia na Medicina Veterinária, 2ª edição.  

Grupo GEN, 2017. 

CORREA et al BABESIOSE CANINA: RELATO DE CASO. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA PERIODICIDADE SEMESTRAL – EDIÇÃO NÚMERO 4 – JANEIRO DE 2005